9º Caderno
Em nosso 9º caderno, temos sambas que fazem parte de nossa história, sambas de sucessos como "Despedida (Deley Antonelli), O Tempo Desfaz o Rancor (Serginho Jabaquara | Anderson Alves), Volta (Daniel Tatit), Meus Porquês (Dema de Oliveira | Serginho Jabaquara), Me Desculpe Mãe (Jemerson Moura | Sidney Medeiros), Ressalvas (Rica do Olaria | Robson Batuta), Carta ao Mar (Ricardinho Olaria | Toinho Melodia | Rodolfo Gomes)".
Sambas do 9º Caderno
Terreiro de Compositores
Despedida (Deley Antonelli)
Tom:
Ao seu lado
Eu já não me enquadro
Me deixe ir
Sinto o peito amargurado
Já não sei sorrir
Mas agradeço a ti
Agradeço a Deus
Todo seu amor
Adeus eu vou partir
Lamento muito
Mas toda história tem fim
Sinto o prenuncio da dor
Seguirei os caminhos meus
Não chores, por favor, não chores
Pois nem todo jardim são de flores
Terreiro de Compositores
O Tempo Desfaz o Rancor (Serginho Jabaquara | Anderson Alves)
Tom:
Chorar porque, não cabe agora
Não é o momento nem a solução
Guardar rancor, ressentimentos
Não diminui a dor do meu coração
Siga seu caminho
E peço a Deus pra te iluminar
Quem sabe assim, em todos os dias
O Sol brinde o seu despertar
Mesmo se a noite é longa
O amanhã há de chegar
O fim também é um começo
Pra quem sabe enxergar
Além de uma dor
Todo recomeço é uma brasa
Que ascende a fogueira do amor
O tempo desfaz o rancor
Se um jardim tem espinho
Ele sempre conserva a beleza da flor
Terreiro de Compositores
Volta (Daniel Tatit)
Tom:
Volta
Porque sem você eu não sou feliz
Você se afastou, não foi eu quem quis
Volta, volta
Meu coração me diz sempre assim
Não pode viver sem o seu amor
O que você fez foi tão bom pra mim
Não posso me entregar à dor, enfim
Você... Fez da minha amizade o seu viver
E sem dignidade me fez sofrer
Mesmo assim eu quero te dizer
Que... Se me der um valor ainda estou aqui
Faço de tudo pra te ver sorrir
Eu quero você de volta...
Terreiro de Compositores
Ana Maria (Glauber Oliveira | Renato Sanches)
Tom:
Ana Maria uma menina linda
Seus predicados todos eu já sei
Lembrei do tempo em que éramos vizinhos
Quando lá no seu quartinho só queria o seu bem
Menina doce de pele amorenada
Cabelos lisos que nem seria tem
Corpo bonito num tomara que cais
E se for na minha praia meu amor eu te darei
Mas quis o destino que Ana Maria
Gostasse do que eu não posso oferecer
Exigiu-me fartura, boa vida
Casa, carro e comida
E o meu nome no altar
Meu muito para ela ainda é pouco
Vejam a casa de caboclo que eu fui me enfiar
Fui presa fácil desta ave de rapina
E me arrepia só de relembrar
Ana Maria embolada com a Jandira
E tão pouco eu distinguia aquela imagem no sofá
Ainda me disse com um jeito de ironia
Essa dama todo dia é que esquenta o teu jantar
(Ah! Se eu soubesse, mas como diz o ditado antes só do que “uma acompanhada”)
Terreiro de Compositores
Mensagem de Adeus (Dodô Andrade | Deley Antonelli)
Tom:
Quando amanheceu
Eu percebi algo estranho em seu olhar
Não havia o mesmo brilho
Que um dia me fez apaixonar
Quando amanheceu
E nos teus olhos um pranto eu vi rolar
Meu céu estava azul escureceu, escureceu
Nem a lua, a boemia foi inspirar
Findou a note sem estrelas, sem luar
Um só desejo, dormir e não sonhar
Não sonhar com nosso amor desilusão
Infelizmente sinto, por te amar em vão
Não foi amor o que você sentiu foi ilusão
Não precisa mais fingir eu já tomei a decisão
Teu beijo frio, lágrimas nos olhos meus
Revela enfim, uma mensagem de adeus
Terreiro de Compositores
Não Sei Perdoar (Vagner Donelli)
Tom:
Sua voz partiu meu coração
Me dizendo assim adeus amor
Não vivo mais nessa humilde condição
Em favela nada tem valor
Não tem valor, não tem valor
Desceu o morro pro asfalto
Nosso barraco abandonou
Vendeu no luxo sua honra
E a fé em Deus renunciou
Renunciou, Renunciou
Mas o anseio de m’alma me ensinou a superar
Mostrando mil razões para suportar
Então se cumpriu a escrita divina
Com ferro feriu, mas também foi ferida
Agora arrependida, implorando pra voltar
Perdão meu senhor, pois ainda não sei perdoar
Viver simplesmente não quis
Mal sabia que era tão feliz
A vida tem dessas coisas
A vida e mesmo assim
Do morro morre de saudades
Morre de saudade de mim
Lerê lerê lerê o o
Lerê Lerê rê rê rê o o o
Terreiro de Compositores
Falsas Ilusões (Peterson Lima | Deley Antonelli)
Tom:
Acabou
Fim de mais uma história que se desgastou
Corações dilacerados foi o que restou
Naufragou
Naufragou
Remamos contra a maré
E o sentimento se afogou
Na chance do jogo virar
Você blefou
Enganou
Enganou, me iludiu
De mim zombou
Desconcertou o enredo do meu samba e nem ligou
Cantou
O samba rival
Aplaudiu e o meu vaiou
Não, entendi a razão
Falsas ilusões você criou
Rasgou
Toda poesia que eu lhe dediquei
Nada sobrou
E a chama desse amor me condenou
Terreiro de Compositores
Capoeira (Renato Sanches | Glauber Oliveira)
Tom:
Ô o o, oo, ô o o, ô o o, o o, ô o o
Quem lutou, capoeira
Libertou
Quem cantou, capoeira
Meu sinhô
Negro era forte, negro brigador
Negro foi escravo, e não se escravizou
No engenho a morte, negro enganou
Sofreu no pelouro, os castigos do feitor
No quilombo negro, ao negro se juntou
Teve em palmares, Zumbi seu professor
Cantava um canto, batido num tambor
Com berimbau maneiro, capoeira que jogou
Negro da moenda, negro do pilão
Moeda de troca, negro era fujão
Pela liberdade, fez rebelião
Foi 13 de Maio, sua abolição
Terreiro de Compositores
Meus Porquês (Dema de Oliveira | Serginho Jabaquara)
Tom:
Faço de tudo e algo mais
Pra sentir em meus ouvidos
Palavras que me satisfazem
E violam meus sentidos
Com jeito tão bandido
Faz morada em meu peito
Se apodera do meu ser
Mesmo eu estando contrafeito
Tento em vão me controlar
Não consigo, não tem jeito
E me surgem a toda hora os porquês
Como se explica o que se sente por alguém
Como se desprende de alguém
Perguntas que não querem calar
Como controlar a mágoa da ausência
Como renegar o tempo que anseia tua presença
Se o peito conta cada segundo que você não está
E essa dor que vive a me matar
Terreiro de Compositores
Me Desculpe Mãe (Jemerson Moura | Sidney Medeiros)
Tom:
Me desculpe mamãe, Por tudo que lhe causei
Me desculpe mamãe, Por tudo que lhe causei
E na madrugada a senhora se encontra triste a chorar
Muito preocupada cadê meu menino onde é que ele está
Eu estava na rua parado na esquina ou na porta de um bar
Cercado de maldade, inveja, cobiça e tristeza no olhar
Visitou hospital, delegacia, fórum nunca me abandonou
Quando eu mais precisei todo mundo correu a senhora enfrentou
Hoje tenho um emprego construí família e tenho um lar
Só não tenho a senhora que já foi pro céu o que resta é rezar
Essa reza é forte mãezinha que chego até ajoelhar
Fez lembrar meu passado e na minha lembrança me pus a chorar
É um choro sincero por tudo aquilo que eu recordei
Eu lhe peço perdão por tantas tristezas que um dia eu causei
Quero que saiba mamãe tanta falta a senhora me faz
Mas nunca esqueça mãezinha, pois eu te amo demais
Terreiro de Compositores
Ao Som do Batuque Pesado (Dinho Pinheiro | Deley Antonelli | Anderson Alves)
Tom:
Oh morena bota a saia rendada
Que a roda já tá formada
Eu quero ver você sambar
Uma sandália rasteira
Uma saia vermelha pra enfeitiçar
Morena meu doce encanto
Eu quero ver você sambar
No gira gira da saia
No requebrar das cadeiras
Ao som do batuque pesado
Seu lindo bailado levanta poeira
Com um colar no pescoço
Uma flor no cabelo ela causa alvoroço
Exala sensualidade
Com rara beleza sem fazer esforço
No gira gira da saia
No requebrar das cadeiras
Ao som do batuque pesado
Seu lindo bailado levanta poeira
Terreiro de Compositores
Mestres de Sampa (Bruno Leite)
Tom:
Seu mestre Divino vem cá
Me ensina o que é batucar
Eu quero aprender com você
Pra gente sambar no Nenê
O povo precisa
Olhar pro Camisa
E valorizar tradição
Saber o que é um cordão
Louvar nossos ancestrais
Que descansem em paz
De lutas e glórias
De tantas vitórias
Pra gente poder se inspirar
Foi no morro de Vila Maria
Onde ouvi poesia em forma de samba
E nos versos de um Toinho Melodia
Aprendi que Barra Funda lapidou um Talismã
Quem foi no Bixiga só pra ver
O samba amanhecer
Num filme de Geraldo viu acontecer
E foram tantas canções
Pra embalar as multidões
Sambistas fiéis
Seo Toniquinho batucou, Seo Bagunça sambou
Filhos da Lavapés
Que foi primeira e tem tradição
Devemos respeito ao seu pavilhão
Pro samba florescer bem mais feliz
Preservando a raiz
Terreiro de Compositores
Vó Benedita (Magrão)
Tom:
É coisa bendita compadre
O tempero de Vó Benedita
Preta velha vivida
Filha de Xangô
Se vai pro fogão ninguém acredita
Lá vai Vó Benedita
Outra vez pra cozinha
Ajeitando a panela
Prepara o arroz, galinha a cabidela
Na farofa a pimenta não pode faltar
Só quem provou do tempero
É que sabe do que é que eu estou falando
Jabá, dobradinha, quiabo com frango
E pra sobremesa um gostoso manjar
E a rapaziada que comanda o samba
Lá no seu terreiro
Firmando n surdo, cavaco e pandeiro
Improvisa o refrão e começa a cantar
É coisa bendita senhor
É coisa bendita pode acreditar
Só quem provou do tempero
De Vó Benedita é quem pode afirmar
Terreiro de Compositores
Samba do Barraco (Ari Santos)
Tom:
O meu barraco não acomoda muita gente
Mas é lá que eu vivo contente
É La que eu vivo feliz
O meu barraco hoje esta bem diferente
Não é mais de madeira e na frente ostenta um lindo portão
Na minha sala TV de 50 polegadas
Vídeo game “prás” crianças um computador de última geração
A minha nega não esta mais despenteada
Fez mega hair no cabelo só anda nos trinks
Num lindo saltão
A minha sogra que vivia estressada hoje ela vai para igreja
E aceitou Jesus para sua salvação (e a minha também)
O meu cachorro não sai mais do pet shop
Faz trancinhas no pelo, só anda cheiroso e só come ração
O meu barraco tem texturas na parede
Tem cortinas no quarto, tapetes da pérsia forrando o meu chão
Tem quase tudo, frigobar e churrasqueira
La em cima na laje aos fins de semana tem aquele sambão
(fica bom, fica bom)
O meu barraco hoje esta bem diferente
Só emana alegria, saúde, harmonia graças a Deus
A gente lutou batalhou e suou olho gordo venceu
Hoje digo com muito orgulho que este barraco é meu
O meu barraco não acomoda muita gente...
Terreiro de Compositores
Morro da Conceição (Sidney Medeiros)
Tom:
No morro da conceição
Onde tem frevo e tem baião
Tem também partido alto
Muito samba na palma da mão
Foi la no morro
Que fiz minha oração
Pedi a nossa senhora
Me abençoar na inspiração
De olhos rasos
Lápis e papel nas mãos
Palavras jogadas ao vento
Num momento de devoção
Agradeço agora, de coração
A minha mãe, imaculada conceição
No morro...
Terreiro de Compositores
Ressalvas (Rica do Olaria | Robson Batuta)
Tom:
Onde está a humildade?
O respeito, a hombridade
Olhos vendados pra si mesmo
Só descortinam os próprios erros
E por mais que eu queira condenar
Quantas vezes peco, agindo assim
Eu cobro do mundo, sem cobrar
Em dar o melhor que existe em mim
Quanta gente magoamos, sem perceber
Tanta gente desprezamos, por bel prazer
Quem lhes fala, e aponta nos outros os seus traumas
Disparando chumbo em palavras
Reconhece o mal e canta assim
Hoje eu só quero ressalvas
E soltar as travas, do amor que há em mim
Terreiro de Compositores
Carta ao Mar (Ricardinho Olaria | Toinho Melodia | Rodolfo Gomes)
Tom:
Pra reconquistar
E ganhar teu perdão
Vou jogar flores no mar
E pedir pra Yemanjá
Rainha do mar
Intercedei por mim junto àquela
A quem dedico um samba uma vez mais
Dona dos meus ais, razão do meu viver
Sem ti, meu coração perdeu a paz
Recolho a embarcação ao velho cais
Não posso mais viver assim
Se te magoei
Por tentar me esconder
Do amor, te prometo minha flor
Nunca mais te machucar
Terreiro de Compositores
Vento Vadio (Anderson Alves | Dodô Andrade)
Tom:
É de Jeje Nagô
Curimba, agogô
Nação Ijexá
É batuque, afoxé
Samba e candomblé
Salve os orixás
Salve a nossa miscigenação
Aos bons de coração
Nossa terra é sagrada
E por todos os santos, abençoada
Por isso eu sambo de pé no chão
E o samba é minha religião
E o samba é minha religião
Desde os tempos de opressão
Um canto anunciava
A África matriz com seu louvor
Vai ser herança de fé e dor
Trago em meu sangue a cor da raça
Num canto forte maculelê
Num canto forte maculelê
Hoje a mordaça não vai doer
E igualdade prevalecer
Pra liberdade acontecer
Terreiro de Compositores
Identidade Brasil (Alexandre Paião)
Tom:
Bate tambor
Caxambu
Carnaval de Zé Pereira
Frevo, Maracatu
Vai Brasil
Mostra a tua verdade
Vai buscar na raiz
Sua identidade
Cante com as cores do Olodum
Pinte com o vermelho do Urucum
Quero ver... Jongo, afoxé e reizado
Quero ver xote, baião e xaxado
No terreiro o som do atabaque ecoou
É a fé, é a força, é a raça, é o Pelo
Se for samba de roda, eu vou
Se for partido alto, eu vou
Hoje tem capoeira
Berimbau anunciou
Terreiro de Compositores
Clamor (Alldry Eloise)
Tom:
Olhei a estrela mais bela e fiz um pedido
Implorei, pedi, chorei, jurei não mais pecar
A estrela me correspondeu, pude ouvir o seu cantar
Ela cantava... Laiá laiá
Ela cantava... La la la laiá laiá
Oh Deusa da inspiração fez-me renascer pra vida
Clamei quando fiz o pedido e fui atendida
E hoje eu não quero mais chorar
Para outra vez ouvir o seu cantar
Ela Cantava... Laiá laiá
Ela cantava... La la la laiá laiá