3º Caderno

Olha eu ali...
Estou aqui e também acolá
Na magia da canção...
Me transporto a qualquer lugar

A canção imortaliza poetas e poetizas
Quem tem dom de decifrar
Sobre as coisas mais sublimes
Que só Deus sabe a quem dar
Que fale de amor, de guerra e de paz
E tantas coisas mais
Exalta a vida, mesmo que sofrida
É só um que nos faz capaz

Vários poetas, aqui pediram licença
Sem ter credo ou uma crença
Para nos tentar expor - (a alegria)
Mas, a humanidade, esta destruindo tudo
O que resta neste mundo, o futuro é quem dirá

Quero alegria, como pintura na tela
De um jardim ou uma capela
E o Homem com uma flor
Vendo crianças, respirando esperança
Neste passo, nesta dança
Que inspira o compositor
Porém eu vejo, lá no morro ou na favela
Vários artistas o seu quadro retratar
E a nossa gente vivendo o sofrimento
Não para um só momento, de alegria desfilar

Canta meu povo...
Meu povo venha cantar
Mostre ao mundo a sutileza
Do seu canto com amor
Sempre, sempre a exaltar

Dia dois de Dezembro é o dia do samba
Samba de todos os dias no meu coração
Imortalizado nas rodas de bamba
Corre em nossas veias
Prazerosa emoção

Nesse seu dia meu samba hoje eu quis
Te cantar, te exaltar feliz
Batuca bem forte em meu peito
Sincopado, Partido, Terreiro, Samba Canção
Samba que me deixa empolgado
E eu fico extasiado
Te marcando na palma da mão
Samba que eu canto noite e dia
Tão sublime poesia
És minha religião

Deixa
Deixa desabar
Deixa falar o que quiser da gente
Eu sei que vão botar lenha na fogueira
E falar besteira pra você me esquecer

Mas não faz mal
Não me importa o que eles irão falar
Eu só quero saber o que você pensa
Não é qualquer tempestade
Que deságua no nosso viver
Quando o amor é verdade não pode sofrer

Um triste fim jamais
Virá nos separar, vencer, subjugar
Tão pouco reprimir
Não é fogo de qualquer fogueira
Que possa deixar nosso amor feito cinza
Perdido no ar...
Nosso amor tem jeito de incomodar

Agora é que o pranto vai rolar de vez
Desfez meu coração que agora chora
Parece que essa dor não vai ter fim
Não sei, porque razão agir assim
Sem teu amor, nem sei
Só sei... Que essa saudade me maltrata
Machuca demais...
Sangra demais... Dói em mim

O nosso amor é poesia
É como chama que arde
É pura magia
Que vive remoçando em mim
Me fez assim desta paixão refém
Só fui entender o que amar alguém
Ao lado seu também

Lágrimas...
Que escorrem no meu rosto
Nem sempre são
De tristeza ou desgosto
Rolam também...
Da certeza que existe o bem
Da magia que um samba tem
Do amor que vem do coração

Olhos marejados transmitem emoção
Sublime momento de inspiração
A benção do padre na pia
Saudade, lembrança, dor, amizade ou bebida
O abraço, o beijo numa despedida
Carregam a lágrima do dia a dia

Lágrimas...
Muitas vezes são fingidas
Nos fazem sofrer conseguem guarida
Não me comoveram caindo dos olhos teus

Lágrimas...
De uma caneta vale à pena
São poesias que entram em cena
Palavras que molham o papel
E o orvalho...
Que são Lágrimas boêmias
Das madrugadas de forma serena
Vão caindo do céu

Eu estou pronto prestes a enlouquecer
Preciso de ajuda não sei mais o que fazer
Com minha família estou confuso até demais
Já não sei que é meu filho meu sobrinho nem meu pai

Há 20 anos em um caso de amor
Engravidei uma garota namorada do meu Vô
Inexperiente eu não sabia o que fazer
E o velho tão contente que seu filho vai nascer

O garoto cresceu achando ser meu tio
Namorou a minha sogra fez um filho e sumiu
Depois de muito tempo resolveu aparecer
Casou com minha filha vamos tentar entender

Esse garoto é meu filho e meu tio
Também virou meu sogro padrasto da minha mulher
Neto do meu pai ele é meu genro meu amigo
Bisneto do meu Avô não sei mais o que ele é !

Um sorriso vai além
Do mais profundo sentido
A criança inocente tem
De todos o mais lindo
Um sorriso da malícia
No auge da adolescência
E o velho que sorri , sorriso da experiência

Fecho os olhos e ainda vejo
Um sorriso de menino
Suave tal qual a gota
De orvalho caindo
Mas um dia quis voar
Livre como passarinho
Pai preciso ir embora
Vou seguir o meu caminho
Confesso suportei
Mas sorri pra não chorar
Então disse filho meu
Guarde o que eu vou lhe falar
Se a cruz ficar pesada
Difícil de carregar
Lembre sempre estarei
Com um sorriso a te esperar

Pelo jeito que partiste
Fico surpreso que voltes aqui
E me peça perdão
Toda sorridente me deste as costas
E desceste o morro
Arrependida hoje volta
Batendo em minha porta
E pedindo socorro

Até hoje eu procuro
Entender o motivo dessa ingratidão
Se dei-te amor e carinho
E a fiz a rainha do meu barracão
Mas não deste o valor
E a paga que tinha foi a falsidade
Nem me vendo sofrendo
Voltaste atrás com a sua maldade
Sendo assim eu não vejo
Razão pela qual deva lhe perdoar
Desça o morro de novo
E volte pro o asfalto que é o seu lugar

O céu azul e branco
Lembra as suas cores
Oh, Vila Matilde emoldurada em poesia
A porta-bandeira conduz
A águia altaneira reluz
No seu pavilhão

Alberto Alves cantou
Uma linda canção
Pra falar da escola do seu coração
Nenê...
De um povo feliz a cantar
Dos bambas que haviam por lá
Da tradição...
E hoje tem morada lá no céu
Nos braços de Deus
Descansa Nenê...
O samba agradece por você existir
E a Vila não se cansa de aplaudir

Escola de se admirar
Semente que eu vi germinar das mãos de seu Nenê
Brilha forte a sua estrela

Mulher...você foi ingrata
Abusou de tanta bondade que te ofereci
Hoje você me despreza por inteiro
Percebi que pra você, sou segunda opção
Agora sei que entre nós não há desejos
Fui um tolo por querer te agradar

Foi por você que trabalhei o ano inteiro
Para poder construir um novo lar
Eu lhe vestia com artigos da moda
Todo santo dia, o seu cabelo ia arrumar
Te enfeitava, pra você ficar com outro
Profundamente me deixou na solidão
É o resultado por querer acreditar numa falsa ilusão
De tê-la sempre dentro do meu coração

O Lão eu não
Não quero pagar essa conta não

Vem aí Copa do Mundo
Um evento importante
Esses caras estão achando
Que eu sou ignorante
Sei que vão desviar, superfaturar
Inventar um monte de obra
É tanto dinheiro
Que eu faço duas Copas e ainda sobra

Essa conta nunca fecha
Isso é intencional
Com a sobra do dinheiro
Eles fazem um bacanal
Convidam tanta gente
Inclusive a família
Os amigos mais chegados
Implantam o nepotismo
E o dinheiro do povo escorre pelo ralo

Vai meu samba, vai dizer
A mulher que não me quis
Que agora estou disposto a refazer
A minha vida e ser feliz
Que a chaga do desgosto de viver
Agora é cicatriz

Diz a ela que na minha opinião
Nosso amor foi tão bonito, além do mais
Foi eterno enquanto teve duração
Como diz nosso Vinicius de Moraes
Diz também que ressentimento não há
Que estou as ordens caso precisar
Verifique samba meu como ela está
E venha me contar

O teu amor me entorpeceu
Me embriagou,me adormeceu
Não sei como evitar
Nem sei o que fazer
Para me controlar
E controlar o amor
Que quer me enlouquecer
Vou me entregar se for
Como num sonho lindo
De estar num paraíso
Envolvido na beleza deste amor

Nos teus braços,cheio de calor
Mergulhado em teus beijos
Desfaz toda minha dor
Seqüestrado amarrado em você
Sem nenhum pudor

Eu conheci o Dito Preto Mutreta
Ele tinha três mulheres
Uma ruiva, uma loira e uma nega preta

Com a Ruiva ele vivia de domingo até terça
Com a Loira ele ficava da quarta até a sexta
Quando dava sexta noite ia pra casa lá da Nega Preta
Se sumisse no fim de semana, a crioula arrumava uma treta

Dizia pra todas elas que tinha um emprego de alto escalão
Que viajava São Paulo, o Rio, Bahia e Maranhão
Ele tinha um filho com cada, todos chamavam "João"
E que ele morria de medo de trocar o nome e arrumar confusão

A ruiva lhe tinha respeito e muita admiração
A loira tinha muito medo, muita submissão
O problema era a nega preta, que até saia na mão
Macumbeira fazia barraco, e falava palavrão

Era um pai carinhoso e um marido dedicado
Apesar de ser um pouco ausente, nenhuma das três havia se queixado
Essa é uma história antiga do tempo da ampulheta
Hoje em dia, nem da para ter
Uma ruiva, uma loira e uma nega preta

Ao amanhecer sinto um imenso prazer
Ao ver no arrebol
Um novo viver
E vejo toda passarada
Bem feliz cantando
E sinto a mão Divina
Bem perto me abençoando
Os primeiros raios da manhã
Dissipam qualquer ilusão
E enfim uma paz
Aquieta meu coração

Sinto a leveza da brisa
Um sopro de vida no ar
E agradeço ao Criador
Por ver o Astro-Rei despertar

Paciência é a palavra mais correta
Que se enquadra no momento
Desse meu penar
Hoje o nosso amor esta desfeito
Meu refúgio é o espelho
Das águas do mar
No vai e vem
Sem pressa de chegar aos banhistas
As ondas tem
O poder de acalmar um alguém
Que sofre...
Sem direito de explicar
Ao próprio coração a dor de amar

A água espera o tempo certo
Pra atravessar qualquer barreira
Já o seu coração, não soube me esperar
Talvez as águas possam lhe ensinar

Seu Manoel
Dá um torresmo pra mim
Pra acompanhar daquela do norte
Dois dedim

Hoje no trampo foi de amargar
O gerente ficou a me criticar
Veja só...Até o ônibus furou o pneu
Cheguei atrasado expliquei
Ele me disse que era problema meu
Não quis saber o que me aconteceu

Quando chego em casa minha nega
Madalena a reclamar
Com as malas prontas vai me abandonar
Acertei a milhar no bicho
Mas a banca não quis me pagar
Eu sem dinheiro aluguel vai atrasar

Minha vizinha faladeira
Vive na vida dos outros a cuidar
Até de mim começou falar

Perdoar pra quê
Não tem quero mais
Vai embora ingrata
Não me aborreça
Me deixe em paz

Quem chorou fui eu
Você nem ligou
Hoje você volta
Quer o meu perdão
Mais eu não dou

Quando foi embora
Eu não quis acreditar
A certeza que eu tinha
É que voltaria a me procurar
Mas agora é tarde
Tenho outro amor
Que me devolveu toda a alegria
Que você levou

Vou cantar e agradecer
As bênçãos que tive de Deus
Lembrar dos momentos que marcaram
Minha história, trajetória, meu viver
Os grandes amores
Sonhos até os dissabores
Me fizeram aprender amar
Os amigos que eu conquistei
No momento em que eu precisei
Sempre estiveram ao meu lado pra me apoiar
A família tão linda e querida
Foi base e chão da minha vida
Força e estrutura de um lar pro meu caminhar

Basta crer, enxergar
Que a felicidade mora em qualquer lugar
Faça por merecer
Que nada lhe faltará
Com fé e amor no Criador
O bem terás

Sonhei alto, muito alto fui além
Da torre de Babel
Fui tão feliz te amando com um louco
Desilusão é meu sufoco
Contigo, quase atingi o céu

Eu não devia te amar assim
Ai de mim minha rainha
Quando a minha vida era sorrir
Lá nas alturas, vi meu castelo ruir
Cruel realidade eis a verdade
Findou o sonho acordei
Eu simplesmente um súdito, a me iludir
Te amando como se fosse um rei

Se alguém perguntar por mim
Diga que fui pro Terreiro
Fui tocar tamborim
Fui bater no pandeiro...
Diga também que é lá , oi é lá
Onde canto o meu samba
Acompanhado, muito bem acompanhado
Por aquela gente bamba

Lá no Terreiro
Onde o samba foi morar
Não precisa ser artista
Pra fazer parte da lista
É só saber chegar, freqüentar
Basta ter inspiração
E compor com emoção
Então cantar, encantar e gostar...
Do gole à caneta
Papel e letra, versos de amores
Dissabores...Deus abençoe
O Terreiro de Compositores...

Quem ama enxerga defeito e qualidade
E acolhe o diverso do seu por querer bem
Encontra na angústia do outro identidade
Deixando de lado o que sempre lhe convém
A história se faz de tropeço e lealdade
Divide o mau e o bom que a vida tem

Amar eu sinto assim, assim a gente é
Cheguei perto do fim, mas tive o seu axé
Me fez gostar de mim, querer ficar em pé
Na fé do seu amor encontro a minha fé

A vida começa
Onde um samba termina
De noite na esquina
Ou na mesa de um bar
A musa que faz chorar
É a mesma que inspira
Letra e melodia
Pra gente cantar

A filosofia do samba é argumentar
Com inteligência versos pra gente pensar
É conselheiro e amigo
Abrigo da minha emoção
O samba é minha religião

Pra que viver nessa situação
A nega foi embora
Eu vou vender meu barracão

Foi embora, foi embora
Pensando que eu ia chorar
Vá com Deus nossa senhora
Eu também vou me mudar
Vou vender o meu barraco
Com a melhor vista do morro
Só vou levar o meu cavaco
E também o meu cachorro

No meu barraco
Tem piscina e churrasqueira
Pra me aquecer no inverno
Eu mandei botar lareira
Eu to vendendo
Mas não vou vender fiado
Sei que eu perdi a nega
Mas não estou desesperado

Quero a menina...
Dos olhos castanhos de mel...
Do cabelo cacheado
Que me fez enamorado
Irradiou meu coração...
Sob a Lua prateada
Ogum no céu alinhava
As estrelas na constelação

No chão batido de barro
Ela surgiu do meu lado
Na velha caatinga do meu sertão
És... A água que me satisfaz
Trazendo consigo a paz
Esperança não pode acabar
Pois dias melhores virão

Semeia... A fé menina semeia
Que a vida dura clareia
Sou valente, sou um sonhador
Minha alma padece de amor