15º Caderno

Tenho de ser sutil
Ao escrever esses versos
Não posso incomodar o Brasil
Da ordem e progresso

Tenho de dar o recado
Absorva com destreza
O absurdo está entrelaçado
Por favor me entenda

Não aceite tudo que vê
Não acredite em tudo que lê
Aprenda a analisar
A perceber e a criticar

O samba é uma forma libertadora
Pra toda a população
Brasil tu és rico e não sabe
Da força da sua nação

Será que um dia vamos acordar?
Será que meu filho ainda verá?
Um novo país surgir
E um grande povo se unir?

Chama as meninas pra roda deixa elas cantar
Chama as meninas pra roda deixa elas versar
Chama as meninas pra roda deixa elas tocar
Chama as meninas pra roda deixa elas brincar

Pisando forte nesse chão
Vem chegando as pastoras (2x)

No sapateado, com muito gingado
Batendo na palma da mão (2x)

É canto de sorte, tempero do norte
Quentura que queima quem quer se queimar
É dura na queda, é de santo forte
É pinga daquelas que arde o paladar

Sabe que é capaz e quer muito mais
Da guerra não foge, em dobro quer paz
Matenha tenência, as moças têm ciência
Respeta, rapaz!

É Fogo
A vida de toda essa gente
Pra viver honestamente
Sol a sol a labutar
Ma ontem, quando voltei do batente
Na favela queimava inclemente
O barraco que outrora já fora o meu lar

Meu olhar transbordou
Na esperança do fogo apagar
Meu peito calou, sem lágrimas pra derramar (2x)

Vou morasndo no sapato
Onde a faísca pode se acender
Porque nunca bebi da bebida
Daqueles que estão no poder
É ver pra crêr
O despejo é um destino cruel
Favela queimando
Para construir mais um arranhacéus
Enquanto os ratos
Invadem as casas de terno e gravata
Maleta na mão
Prometendo o é de Deus
Pra quem não pode beber

É fogo que queima e arte sem explicação
Nem sei por quê
Mais um foco de incêndio
Deu no rádio e na TV (2x)

Foi deitado na esteira
Em frente ao congar
Declarei o meu amor
Para todos Orixás
Firmamento do Ori
Patacori Ogum
Okê Okê Arô
Kabecilê Xangô

E pra quem tem fé pode acreditar (2x)
Filho de Santo no Terreiro, fortalece o casua (2x)

Ogum vai na frente abrindo meus caminhos,
Pois sei que nunca estou sozinho ele é dono do meu caminhar,
Oxóssi com sua flecha certeira,
Acertou bem na veia
E nas bandas do meu coração,
Xangô com sua justiça verdadeira,
Alumia e clareia
Com seu machado na mão

Eu sempre fui de sair sem rumo
E assumo sou feliz assim
Sigo nessa toada, noturna jornada
À procura de um virtuoso tamborim

Sei que a noite é sentinela
E a lua zela nossos dissabores
Que serão novos sambas pro Samba da Vela
Ou pro Terreiro de Compositores

Eu sou das noites incertas
Em conversas de botequim
Do copo sou mais um atleta
E moldei na rua o tom do meu latim

O Samba é minha filosofia
E todo bamba é um bom professor
Pois tudo que conta na academia
Já morou nos versos de um compositor

O sol irradia, alegria
terrade todos os santos
mandinga, curimba, magia
É a Bahia!

Flutua no ar a cultura
No sobe e desce do Pelourinho
Peô de tantas histórias
De tantas memórias
Raízes de lá

De além mar

No dia das crianças
Hoje não é comum
Igualmente a tantos pais Sou apena mais um
Supliquei
A Nossa Senhora
Pra me proteger
Implorei pra Xangô

A justiça enfim fazer
Já faz mais de um mês
Que virou bola da vez
Derepente sem tv
Foi direto pro DP
Falô o reconhecimento
Que o alguém com sentimento apenas,
De apontar, abusar, se vingar
Se vingou
E o menino inocente rodou

(o delegado disse assim)

Poe na arara e mete o pau
Pode pá que é marginal
Ali...
É tudo igual,
O covarde apontou
O canalha torturou
Meu guri

Confessou o que não praticou
Vou levar uma cocada, .......... para o meu moleque
Autuado erroneamente
Em 157 eu vou que vou
Ooooo Ooo hj eu
vou Ver o meu guru
Ooooo oooo olha aí
É o meu guri

Orum-Babá, Iyá Guerê
Venha-me valer
Guerreira, vaidosa Orixá
Santa Bárbara , Eparrey!

Senhora das ventanias
Livrai-nos de todo o mal
Sua beleza irradia
Generosa e passional
E se de Oyá desdenhar
Pode crer que não vem coisa boa
Ela nunca abandona os seus
És a nossa protetora
Orum-Babá, Iyá Guerê....

Ela é forte na parceria
Quando gira faz um vendaval
Yaba que defende a justiça
Não teme cara de mal
Ilumina o caminhar
De quem seu canto entoa
Abençoa os filhos teus
Iansã mãe vencedora

Porque meu Deus a vida tem
Que provocar desencontros
Motivos não encontro
Para sorrir outra vez
Ela deixou em meu vivier
Um vazio um adeus
Tristonhos são os dias meus (2x)

O Tempo se esvai
Essa dor que não sai
Corroendo minh'alma
Demolindo as paredes da calma
Residindo em meu peito um desalento

Tenho que parar de lastimar
Me conformar com a tua ausência
Pedir a Deus mais paciência
Pra amenizar meu sofrimento

Me libertar
Das grades desse desamor
E isentar meu coração
Das lembranças desse desamor

O cachorro do Zé quando quer
O porteiro nem a mão na porta põe
Ela vai buscar na esquina
A caneta de bife de boi
Se o pedreiro atrasa ele faz muita massa
E espalha no chão
Sobre o cimento exala a vassoura
Quem passa é o ajudante
O iundigesto da ração

Pra concertar o buraco
Cavou, caçou o rato, estourou o cano
O orçamento acabou com
A festa de final de ano
E tristonho saiu pra beber
Com cachorro, João da vizinha
Nem conto, nem toco, ta osso
O louco nem bolso não tinha

Bebeu aguá da chuva, da bica
Calha de pinga, água da salsicha do japonês
Chegou no samba rosnou para o gato
Que já empachado, miou em francês

Que cheiro é esse
A fossa entupiu, ou tem rato morto no quintal
Abri a porta, estava deitado
De roupa e sapato, óculos de sol
pra disfarçar a ressaca, odor da cachaça
Deitou na porta do açougue
"Eita" bicho fedido, atrevido
Se enrolou no peixe podre

Os sonhos que eu sonhei, você nunca sonhou
As dores que senti você jamais sentiu
Às vezes fico louco, saio a te procurar
Meu grande amor, eu não onde andará

Sempre seguindo uma luz
Na imensidão ne perdia
Eu só queia saber onde encontrar

Então me peguei com a fé
Pedi a Deus me mostrar
Em forma de um sinal (2x)

Amanheceu, adormeci
E outra vez em meus sonhos
Você me sorriu
Ao despertar
No céu, vou ao chão
Sem você e sem paz no coração

Já cantei samba de roda
Já cantei amor rasgado
Já vi muito partideiro
Fazer samba inspirado
Pra pegar uma viola
E botar numa sacola
Fazer samba lá na Vila
Onde é a minha escola

Eu bato pandeiro pra cá
Repique toco de vagar
O Surdo já vem pra marcar
Harmonia não dá pra escutar
E o povo só de blá blá blá
E o samba deixa de escutar
Trabalho fica mais difícil de executar