12º Caderno

Deixa acontecer
Vem pra cá amor
Minha flor de maracujá

Você me acalma e doravante eu vou brindar
Sua natureza
E desfrutar da beleza
Teu corpo é o bronze do sol
No clarão do arrebol
Te vejo tão linda morena
Sonhar, acordar, delirar e namorar
Minha flor de maracujá

E vem a noite o céu esta lindo
Nosso amor acontece com toda certeza
É feito de paz e franqueza
É um querer serenar
Um rio que corre pro mar
Seguindo o mesmo caminho
Sonhar, acordar, delirar e namorar
Minha flor de maracujá

Minha Vila, minha vida, és meu pedaço de chão
És o ar que eu respiro fonte de inspiração
Minha Vila, minha vida, sempre vou te cantar
Há sempre um tom de poesia no ar

Já disse o poeta, tem samba sim
Vila Ema é reduto de botequim
No Pixaba o nosso samba, bem forte ecoou
Aos pés de Nossa Senhora, nos braços de Nosso Senhor

Gente boa, gente bamba
Que traz o samba na veia
Quando cai a madrugada
A batucada incendeia
Vai o velho, vai o novo
Vai até a lua cheia
Lá na Aldeia

Eu vim
Da Terra Vermelha sangrada
Do sangue de gente descalça
Que pouco pôde sonhar

Eu vim
Da serra da maior montanha
Colhendo as erva rasteira
Pra módi poder chegar

E comigo carrego
E por isso carrego

No meu patuá a minha força
No meu patuá a minha força
No meu patuá a minha força
No patuá

No meu canto a minha reza
No meu canto a minha reza No meu canto a minha reza
O meu cantar

Eu vim
Eu vim...

Vamos dar as mãos, precisamos ser maior
Do que aquele um, que só pensa em destruir
Faz o mal, não olha aquém
Não viu que causou tanta dor
E alguém chorou

Vamos dará as mãos, em pról de um bem maior
Pois a educação faz um mundo melhor
Tira o mal, planta o amor
E da justiça final
Abrasador

Mas vamos dar as mãos, é hora de acordar
Pois a prevenção, faz a tristeza acabar
Se a fé, move a terra
Com toda força que é
Destrói a guerra

Mas quem sabe
Qualquer dia desses
O mal venha chorar
O bem venha sorrir
Só assim verás que valeu a pena
A gente se dar pra poder vencer

Errei, erramos
Que este erro cometido
Não se repita nos próximos planos
Desatenção, engano
Venho lhe pedir perdão
Porque errar é humano

O pensamento que eu tenho é simples assim
O que eu não quero
Pros outros
Também não quero pra mim
Me ponho no lugar de quem foi atingido
Se esse erro feriu alguém

E fico realmente entristecido
Me sinto atingido também.. .

A chuva cai do céu
Raízes se espalham no chão
Se juntam como se dessem as mãos
Na cartilha da natureza
Essa lição aprendi
Só..com união pra resistir
E entre erros e acertos prosseguir

Clareia, clareia
Clareia um samba na lua cheia (oi Clareia)
Clareia, clareia
Clareia um samba na lua cheia

A lua no céu é quem clareia
Desponta a aurora quase já raiada
Que os mistérios são faróis de ilusões
Mais um samba sem nenhuma hora marcada (oi Clareia)

Candeia incendeia na aldeia encantada
Meu samba meu sentimento que o vento assim soprou
Linda morena de cachos e saia rodada
Ao som de um atabaque, afoxé e agogô. (oi Clareia)

Com terno de linho branco e chapéu panamá de lado
Na malicia do jogo rasteiro malandro não se sujou
Foi Pastinha quem falou “Angola” é um jogo mandingado
Coração de um capoeira também a lua iluminou (oi Clareia)

Na beira do rio ouço um canto, um canto de oração
A lavadeira que chora, a saudade de um pescador
Pelo feitiço levado, quando a lua clareou
Implora a sereia Iara, que devolva o seu amor (Oi Clareia)

Me dediquei, pra você vivi
Não esperava essa tua ingratidão
Te dei amor, te dei carinho e muito mais
Infelizmente, roubaste minha paz

Mas eu não tenho bola de cristal
Pra adivinhar teu pensamento
Foi covarde, foi cruel, desempenhou o seu papel
Foi vulgar, mulher fingida
E hoje choro a triste resignação
Mas o tempo cobrará tua traição

Vai me dar valor
Depois que eu partir
Vai refletir
E me dará razão
Porque teus caprichos e vaidades
Falou mais alto
No teu coração

Vai me dar valor
Pelos conselhos
Pelo eterno zelo
Que adotei pra lhe tratar
Pagaste com desprezo
E falsidade
Minha saudade ficará
Pra te acusar

Num trago de luxuria
Você se envenenou
Cavou a sepultura
Enterrou o nosso amor
Um dia provaras
Do mal que provocou
Leve à culpa
Que eu levarei a dor

Quanto tempo eu vivi preso na senzala
E quantas vezes o sinhô me castigou
Mas eu não morro na tua bala
Em Palmares liberdade clareou

Canavial
Onde tudo começou
Um levante popular
De quem nunca teme a dor
Ganga Zumba
Grande filho do senhor
Deu início ao que Zumbi terminou
Lutar é o ofício/ do lutador
Brigar contra o suplício e a mão que o açoitou

Dandara gingou... Jogou capoeira
Na resistência dos atabaques
Ao lado do Rei Janga lutou...
Deitou rival na ponteira
Mãos atadas não batem tambor
Banzo nas senzalas enraizou
Um rebento em Aruanda reluziu
Negro sorriu aos braços do redentor
Liberdade púrpura se derramou

Um dia eu jurei jamais te procurar
Depois do que fizeste com o meu amor
Que nunca mais iria te aceitar
Em meu lar que um dia abandonou
Hoje tu voltas aqui esquecendo o que passou
Saiba que meu perdão eu não te dou

No peito que um dia já foi o seu lar
A porta fechada é o que encontrarás
Daquilo que era um grande amor
A cicatriz é o que restou
Saiba que meu perdão eu não te dou

Há de cicatrizar as feridas
A dor não pode perdurar
Desilusão, amorosa na vida
São desventuras que tive que passar
Me sinto perdido em meus pensamentos
Como alento vou logo compor
Um samba de amor
Que retrate a minha dor
E assim que lamenta um nobre compositor

Mas eu vou...

Eu vou derramar sobre a folha o sentimento
Sim eu vou chorar
Para aliviar o sofrimento
Unir as palavras
Expressar minha dor
Herança que o tempo em meu peito deixou

Maré mareou... Balancê, balança
Martin marinheiro jogou
Sua rede e esperança no mar
O mar mareou... Voltei pra buscar
Meu peso de merecimento
É preceito de mãe Yemanjá

Visitante nativo... De tudo que é canto... De tudo que é meu
Em cada porto eu cativo... Do amor um tanto... Que me prometeu
Promessa vinda de Yara... Na beira da Praia... Quando apareceu
Encanto de jóia rara... Meu faro não falha... O amor era meu

Levanto bem cedo... Arregaço minha calça... pramó’de pescar
Rezo em segredo... Pra minha jangada... A fartura reinar
Harmonia do enredo... O balanço me lança...Busco me firmar
Não dou força pro medo... Barco que balança... Ensina a navegar

Quando eu era menina me foi ensinada
uma velha lição
Minha sina seria a casa, o tanque e o fogão

Mas sou subversiva, mudei a questão
Sou eu quem dou ordem no meu barracão
Não aturo malandro que é sem disciplina

Não me conformo, levanto a voz e bato na mesa
Mulher de verdade eu sou com certeza
Então traz o meu balde cheio de cerveja

Traz o balde aí, traz o balde aí
Que o lugar de mulher é onde ela decidir
Fica esperto aí, fica esperto aí
Falador passou mal e agora vai ter que ouvir

Eu tô na estrada, na roda de samba e na presidência
Eu tô na labuta, sem burca
E a decência que querem me impor, eu tomo no bar

Não aceito mandão
Com a velha história da Amélia e da Emília
A mulher do malandro e a mulher de família
Vai distribuir sopapo se tu vacilar

Dispenso o elogio de recatada e do lar
Sou boêmia e adoro vadiar
Não sou mulher de aguentar desaforo

No partido alto eu mesma resolvo
E meto apovoro
O seu verso machista aqui leva um coro
Mulherada no samba chegou prá ficar

Esquenta a marmita
Dona Severina
Porque minha barriga anda roncando desde as cinco horas
Sai de casa e nem tomei café
Não gastei meu dinheiro porque vou beber lá na Vila Ré
Assim quando “nóis”sai da obra
Vou botar meu chapéu e vestir minha camisa do timão
E vou beber e beber, e beber até cair
Mas eu sei que amanhã novamente estarei com a marreta por aqui

Com dignidade vou levando a vida à minha maneira
Apesar dos tropeços não pode faltar o dinheiro da feira
Hoje o meu time joga, estou ansioso
Aguenta coração
É final de campeonato
É mais uma vez “vamo” ser campeão