11º Caderno

Vou, vou ao encontro da emoção
Me embriagar de inspiração
E demonstrar o meu valor
Pois eu piso forte nesse chão
Tenho respeito e gratidão
Orgulho de compositor

Letrei os sentimentos que eu vivi
E musiquei coisas que eu vi
Sob a regência do Criador
E os amigos que ganhei
Eu jamais esquecerei
A parceria que se eternizou

Cantei, sambei
Sorri, chorei
Versei, toquei
E aqui eu me encontrei
Me dediquei
Nessa paixão
Que eu vi nascer
Terreiro, alma e coração

Samba é a minha alegria
Canto samba noite e dia
E canto com muito prazer
No samba eu esqueço das maldades
Das tristezas e saudades
Que me fazem padecer
Samba é o encontro da rapaziada
Que firma nossa batucada
Até o amanhecer
Samba sempre foi ritmo forte
De leste a oeste e de Sul a norte
Levantando multidões
O samba é respeitado e sempre aclamado por onde passar
É muito bem recebido e sempre aplaudido ao terminar
Cantado com muita energia passando alegria pra quem está por lá
Samba é cultura popular
Samba é cultura popular

Se você não me quer mais
Se não quer o meu amor
Siga então, mas por favor
Não me destrate
Vá embora vá agora
Vai com Deus
Passou da hora

Já Vai tarde porque
A chama do nosso amor
Já não arde

Tens todo direito de seguir
O teu caminho
Serei mais feliz, sem me ferir
Em teus espinhos
Serei mais feliz
Vivendo sozinho, então...

Já vai tarde
A chama do nosso amor
Já não arde

Você não divide
Você só agride
Só pode ser um viver
Por obrigação
Tens a liberdade na decisão
Se o bangalô, é pouco
Pra fazer, tua cabeça
Vá embora me esqueça
Por favor não me aborreça

Se existe guerra lá em Bagdá
Na periferia não está diferente
É tanta maldade espalhada no ar
Trazendo agonia em nossa mente
A Dona Maria só vive chorando
Lamentando a morte de seu filho
Confundido com um traficante
Acabou encontrado com um monte de tiros

Nossa rotina não está moleza não
O medo estampa o semblante de cada cidadão
As crianças não podem ficar até tarde na rua
Por causa da bala perdida
Que está solta pra eliminar uma vida inocente
O que resta é pedir a Deus e a Nossa Senhora
Que nos reservem um futuro melhor
E que a paz tome conta da gente

Se acaso nosso caso de amor
Não ter solução
Deixa o coração reagir
Se eu pudesse te dar um conselho
Nesse momento eu te diria
Escute seu coração
Aí reside a solução
As respostas que você tenta encontrar
Podem estar dentro de ti
O barulho do mundo de tão alto
Pode não te deixar ouvir
A vida é feita de surpresas
Chegadas e despedidas
Palavras jogadas ao vento
Promessas sumindo na escuridão
O importante é amar tudo que foi
Tudo que deixou alegria
Não se esquecendo que hoje é outro dia

Quando o pobre fica rico ele
esquece o antigo lar
Abandona a cachaça só quer
espumante tomar
São de porcelana os pratos deixa de lado a colher
Atitude imediata ele troca de mulher

Mulher pra andar junto a ele tem que ter requinte
Dente bom, pele boa e idade na casa dos vinte
Pra ele não existe o nono mandamento
Respeita apenas quem tem mais dinheiro
Comprando o amor, assim ele vai ao casório seguinte

Tim-tim, só em finos cristais
O copo de requeijão cheio de cerveja ficou lá pra trás
O cafézinho com pão e manteiga
É muita pobreza nem se lembra mais
Seu cardápio é grã-fino, nas refeições matinais

Pelada no campo aos domingos não frequenta mais
Pra ele o tênis e o golfe são mais que demais
Trocou seu possante por um importado
De vidros fechados por causa do ar
Lá se foram as origens, agora é o ouro em primeiro lugar

Kaô, Kaô, Kaô...
Ele é o rei, na pedreira quem manda é Xangô
Kaô, Kaô... Meu pai
Se pedra rolou a demanda também se esvai

O machado que protegeu
Também puniu quando errou
E a justiça que prometeu
Cumpriu quando houve clamor

É na queda da água que reina
Quando rola o rochedo de dor
Aos seus filhos não faz diferença
Kabecilê... Kaô

O ribombar dos trovões
Saudam o alafim de Oyó
Rei de Kossô, amor de Oyá
Chorou por Oxum, desdenhou Obá

Barravento atroou alujá
Ojuobá condena os de má-fé
Os vorazes tombou no oxé
Obá Nixé Kaô

Nasceu em quarenta e nove
Assim o destino quis
Orgulhoso sou Nenê, sou feliz

Memorável primeiro de Janeiro
Tanta coisa acontecia uma relevante
Um diamante que a Vila descobria

A tarde estava ensolarada
O China e a rapaziada
A Dr. João Ribeiro subiu
Madrinha Portela na imaginação
A águia guerreira, paixão verdadeira
Do Paulo Benjamim de Oliveira

O nome ficou no esquecimento
Sublime momento O Dr. observou
Um panderista elegante, extremamente falante

Quem é você?
Sou Alberto Alves da Silva
Meu apelido é Nenê
Grande sacada, poesia batucada, muito prazer
Ela tem sua cara, vai ser jóia rara
Vai se chamar Nenê

Vou me ater a detalhes e assim
Formular seu perfil pra saber
Se a gente combina enfim
Se posso me entregar pra você
Também sei que os opostos se atraem
Com argumento de se completar
Mas no fundo o sabor que vai ter
Pra saber é preciso provar...

Paga pra ver no amor tem que pagar
Pago pra ver no amor sou de apostar
Bem ou mau e só no fim que se vê no que vai dar...

Uns já pagaram e não receberam
Outros tentaram e se arrependeram
O amor é mesmo assim até hoje
Ninguém conseguiu explicar
E pra tentar ser feliz
Não tem jeito você vai ter que se arriscar...

Oh, ingrata mulher
Só me maltrata
E não reconhece o meu valor, me desacata

Quando eu a conheci era amor pra todo lado
Mas o tempo foi passando e a mulher me deixando desvalorizado
Dei amor, dei moradia
Mas pra ela ainda é pouco
Eu devia é ter deixado ela feia, encalhada e passando sufoco

Oh, ingrata mulher
Só me maltrata
E não reconhece o meu valor, me desacata

Quando ela me vê no samba
Xinga, briga e perde a linha
Toda vez essa mulher vem pra cima de mim feito um galo de rinha
Só o que sabe é reclamar
Qualquer coisa ela grita
Mesmo eu comprando carne ela só bota osso na minha marmita

Tudo aconteceu tão de repente
E você não me acompanhou
Me tratavas tão indiferente
Que nosso romance se desgastou

Agora é tarde não adianta lamentar
Minha diretriz
Longe de ti irei, pra nunca mais voltar
Embora esteja muito infeliz

Almejo que aprendas a lição
De nunca mais ignorar um coração
Que tanto só lhe quis
O mais fidalgo sentimento ofertar

Há quanto tempo desejo o seu coração
Mas na verdade não quero falar pra ninguém
Relatos e fatos não quero admitir
Só quando você se abrir e falar que me quer
Que me ama demais
E assume qualquer dissabor
Palavras que insatisfaz
Deixa que o tempo levou
E nesse jogo da vida eu quero vencer com você
Barreiras jamais vão parar
Nosso caminho enfim
Eu quero é mais caminhar sempre contigo
Te dar abrigo dentro do meu coração

E viver "louca paixão" com você
E ser seu bem querer, seu bem querer
E sempre ser eternamente apaixonado, namorado!

É Oxossi ê... É Oxossi ah...
Guerreiro da mata filho
De Iemanjá
É Oxossi ê... É Oxossi ah...
Com seu arco flecha sua proteção ofá

Oxossi que traz o sustento pra quem tem fé
Caçador guardião sua benção odé odé
Senhor do kêto das terras yorubá
Numa quinta feira o rei mandou me chamar

Irmão de obaluyae o rei da cidade de Oyo
Da sede Africana salve orixá akô
Irmão de obaluyae o rei da cidade de Oyo
Saudações ao guerreiro mesura okê aro
Seu filho que é forte não faz julgamento não

Realeza azul para o verde renovação
Liberdade que planta no chão onde é caçador
Capitão do mato esse ponto cantei, canto!

Meu compadre Claudionor
Já não tem mais alegria
Claudionor não escutou
Quando Meriti dizia
Não se deve acreditar Claudionor, no amor
Quando a mulher é da orgia

Teimosia tem seu preço
Meriti sempre falava
Mas Claudionor nego teimoso
Fingia que não escutava
Vivia na madrugada
Quando conheceu Luzia
Entregou o seu coração
A quem não o merecia

Dizem que pra boemia
Claudionor já não vai mais
Quem diria que Luzia
Roubaria sua paz
Logo ele que dizia
Ser descrente do amor
Chora hoje a nostalgia
Meu compadre Claudionor

O samba que invade a minha mente
E me pede passagem
É um samba de alta patente
De boa linhagem
É um samba que lembra dos mestres de outrora
Do tempo do bonde de fraque e Cartola
O samba que pegou na veia pra eternizar

É sacerdócio, é vicio, uma religião
Porque o samba antigo é minha devoção
Até parece que vejo ao som do realejo a luz do lampião
Nascer as mais belas melodias
Embriagadas poesias em forma de canção
Esse passado tão presente
Que cultivo em minha mente
É o sopro da inspiração
Esse passado tão presente
Que cultivo em minha mente
É sopro da inspiração

Lálaiáláláiá láiá laiá Lálaiáláláiá láiá laiá

Hoje minha história é diferente
O que fala essa gente
É difícil acreditar
Que eu vivo sempre na orgia
Troco a noite pelo dia
Sem ter hora pra chegar
Não lembram de um passado não distante
Com amigos importantes eu vivia a cantar
Agora sem a fama e o dinheiro
Sou taxado erradio e que só vivo a vaguear

Lálaiáláláiá láiá laiá Lálaiáláláiá láiá laiá